O que está em jogo no mercado de commodities agrícolas no Brasil

Não sabe o que é commodities agrícolas e como funciona esse mercado? Descubra como elas moldam a economia e influenciam produtores rurais e investidores.

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Você acha que o mercado de commodities agrícolas é só plantar, colher e vender? Pense de novo. Por trás da soja, do milho e do café que dominam as exportações brasileiras, há uma engrenagem complexa que conecta o campo ao mercado financeiro global.

É um jogo de bilhões de dólares, onde o clima, as políticas e até especulações podem transformar lucros em prejuízos em questão de horas.

Mas e o Brasil? Não é apenas um jogador, é um dos protagonistas. Mas ser líder vem com desafios enormes, e quem não estiver preparado para inovar e se adaptar será engolido pela concorrência. 

Sendo assim, entender esse mercado não é só uma vantagem – é uma questão de sobrevivência. Comece com a leitura desse conteúdo.

O que é commodities agrícolas?
Qual a importância das commodities agrícolas?
Principais commodities agrícolas do Brasil
Mas o que influencia o preço?
Vantagens e riscos para produtores rurais e investidores
Como funciona o mercado de commodities agrícolas?
Tendências de novas commodities agrícolas
Commodities agrícolas em alta, lucros em queda

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O que é commodities agrícolas?

Não são apenas grãos, é o que move mercados globais bilionários. Ao contrário de produtos agrícolas comuns, commodities agrícolas são padronizadas. Isso significa que, não importa onde você esteja, um saco de café Arábica de alta qualidade tem o mesmo valor em São Paulo ou Nova York.

É a regra do mercado: padronização é o que facilita a negociação em escala global. Não é só sobre qualidade, é sobre confiabilidade. Um contrato de soja negociado na bolsa de Chicago especifica não apenas a quantidade, mas também onde será entregue.

Por esses e outros motivos, as mercadorias só são qualificadas como commodities quando atendem a pelo menos três requisitos mínimos:

  • Padronização de um contexto no comércio internacional
  • Possibilidade de entrega nas datas acordadas entre comprador e vendedor
  • Possibilidade de armazenagem ou de venda nas unidades padronizadas

Tudo isso cria transparência para compradores e vendedores de commodities agrícolas, mas também abre espaço para volatilidade. Cada decisão de um trader em Londres ou Xangai pode impactar diretamente o preço que você recebe no campo.

Se você acha que plantar era só sobre terra e sementes, está enganado. Aqui, estamos falando de contratos futuros, especulação financeira e um mercado onde cada detalhe – do clima à política – influencia seu bolso.

Qual a importância das commodities agrícolas?

Por que commodities agrícolas importam tanto? Simples: elas são o motor do PIB brasileiro. Representando mais de 20% das exportações totais do país, produtos como soja, milho e carne bovina nos colocam na elite do comércio internacional.

Estamos falando de R$ 2,50 trilhões só no primeiro semestre de 2024, sendo 1,74 trilhão no ramo agrícola e 759,82 bilhões no ramo pecuário (dados do Sumário Executivo PIB do Agronegócio).

Somos líderes globais em exportação de soja e café, abastecendo mercados exigentes como China e União Europeia.

Mas essa relevância vem com um peso: quanto maior a importância, maior a dependência. Quando o mercado global balança – seja por uma seca, um conflito geopolítico ou novas regulamentações ambientais – o impacto é sentido da fazenda ao porto.

E mais: o sucesso do Brasil em commodities agrícolas não é garantido. Outros países, como os EUA e Argentina, estão constantemente ajustando suas estratégias para competir.

Principais commodities agrícolas no Brasil

O Brasil é nada mais nada menos que um dos maiores produtores e exportadores do mundo, e alguns exemplos de commodities agrícolas que mais movimentam esse mercado são:

  • Soja

Líder absoluta em exportação, é o ouro verde do Brasil. Além de ser a base para rações animais e óleos vegetais, a soja tem um papel crucial no biodiesel, uma alternativa sustentável de energia.

  • Milho

Essencial para alimentação, produção de ração animal e biocombustíveis, o milho também é peça-chave na exportação para mercados como Japão e Coreia do Sul.

  • Café

Tradição e qualidade reconhecidas mundialmente, o Brasil continua sendo o maior produtor e exportador, com o café especial ganhando destaque em nichos premium.

Leia mais: A verdade sobre o mercado de grãos que ninguém te conta

  • Açúcar

Nosso país domina mais de 50% do mercado global, mas enfrenta desafios como competição de adoçantes artificiais e políticas de subsídio na Índia.

  • Carne bovina

Produto premium para mercados como China e Oriente Médio, o setor ainda lida com barreiras sanitárias e exigências ambientais. Mas a carne suína e de frango não ficam de fora, são outros destaques da nossa exportação.

Mas o que influencia o preço?

Clima e sazonalidade podem transformar abundância em escassez. O aumento na demanda por alimentos sustentáveis e práticas éticas de produção também está moldando o mercado de commodities agrícolas.

Além disso, a especulação nos mercados futuros pode amplificar altas e baixas. Enquanto políticas governamentais, como subsídios ou barreiras de exportação, jogam o jogo do mercado a favor ou contra.

Isso sem falar em eventos inesperados, como pandemias ou crises logísticas, que podem causar picos ou colapsos nos preços, alterando completamente o planejamento de safra. Qualquer oscilação nos preços internacionais impacta diretamente a renda dos nossos agricultores.

Vantagens e riscos para produtores rurais e investidores

Para produtores rurais

  • Vantagens: exportação em alta, tecnologia na agricultura reduzindo custos e uma demanda mundial que parece insaciável. O avanço da automação agrícola permite maior eficiência no plantio e colheita, otimizando recursos e melhorando margens de lucro.
  • Riscos: dependência climática, custos variáveis de insumos e pressão por sustentabilidade na agricultura. Além disso, a volatilidade cambial pode afetar drasticamente o lucro, principalmente para produtores que exportam.

Para investidores

  • Vantagens: retorno atrativo, diversificação de portfólio e acesso a mercados globais. Investir em commodities agrícolas é uma forma de se proteger contra a inflação, já que os preços dos alimentos tendem a subir em crises econômicas.
  • Riscos: volatilidade dos preços e instabilidade política podem transformar ganhos em prejuízo da noite para o dia. E fatores como mudanças regulatórias ou disputas comerciais podem gerar incertezas no mercado.

Leia mais: Como anos bons preparam empresas para quebrar no agronegócio

Como funciona o mercado de commodities agrícolas?

O mercado físico é onde as commodities mudam de mãos – do produtor para o comprador. Já os contratos futuros são o jogo de antecipar preços e minimizar riscos. É uma ferramenta poderosa para travar preços e evitar sustos com oscilações. Mas é também onde especuladores fazem a festa, influenciando o mercado real.

Fora que o mercado de commodities agrícolas envolve a negociação desses produtos em mercados físicos e futuros. Tudo é baseado em contratos padronizados e comercializado em:

  • Mercado futuro: que envolvem contratos de longo prazo negociados nas bolsas de negociação.
  • Mercado de balcão: é representado por acordo de vendas e compras dos ativos pelo preço e data estabelecidos.
  • Mercado à vista: aqui o objetivo é entregar o produto no curto prazo ou realizar com base nas cotações vigentes desse mercado.

Bom, e os preços? Eles são definidos pela oferta e demanda global, ocorrendo em bolsas de negociação. As principais lá fora são as de Chicago, Nova York, Kansas e Londres.

Já por aqui as commodities agrícolas são negociadas na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) e os contratos seguem o mercado futuro. Mas também há negociações no mercado físico e de balcão, onde a venda é mais direta.

Exportar parece promissor, mas a comercialização agrícola não é simples. Gargalos logísticos, altas taxas e barreiras ambientais são desafios constantes. Preparado para isso? Se não, é melhor revisar sua estratégia.

Tendências de novas commodities agrícolas

Pois é, o Brasil está olhando além de soja e milho. Açaí e amêndoas brasileiras estão ganhando destaque na rota das commodities agrícolas, com mercados promissores na Europa e América do Norte.

Outro ponto é que produtos sustentáveis e com alto valor agregado são o futuro. Quem não se adaptar ficará para trás.

Além disso, commodities agrícolas como castanha-do-pará, cacau e até frutas exóticas têm ganhado espaço no mercado internacional, especialmente entre consumidores que valorizam produtos orgânicos e de origem certificada.

Iniciativas como rastreabilidade digital estão ajudando a contar a história por trás dessas novas commodities, o que é ótimo porque atrai consumidores mais exigentes e que pagam mais.

Commodities agrícolas em alta, lucros em queda

Você celebra a safra recorde de 320 milhões de toneladas e os US$ 166 bilhões em exportações do agronegócio brasileiro em 2023? Parabéns, mas isso pode ser só a calmaria antes da tempestade. 

A realidade é que o mercado de commodities agrícolas está longe de ser um mar tranquilo. Custos de insumos nas alturas, logística no limite, clima imprevisível e uma guerra que desestabilizou os mercados globais são apenas algumas das ondas que podem virar o barco.

Está confortável com o sucesso? É melhor não estar. O futuro vai testar sua capacidade de adaptação e inovação. Quem não estiver preparado será engolido por gargalos logísticos, flutuações de preço e uma concorrência cada vez mais feroz.

O hoje: Um cenário para os fortes

  • Custo dos insumos

Fertilizantes e defensivos aumentaram até 18% em 2023. Enquanto isso, suas margens podem estar derretendo e você talvez nem perceba. O planejamento financeiro está no seu radar ou só no discurso?

  • Gargalos logísticos

Mato Grosso, líder na produção de soja, mal consegue escoar a produção. Vai esperar que toneladas de grãos fiquem paradas nos armazéns para começar a agir?

  • Clima imprevisível

Secas no Sul, chuvas fora de hora em outras regiões. Qual é o seu plano B quando a natureza não joga a seu favor? Se a resposta para essas perguntas é “estamos avaliando”, isso já é um problema. O mercado não perdoa quem demora.

O amanhã: A regra é inovar ou sucumbir

  • Demanda global

Até 2050, a demanda por alimentos deve crescer 56%. O Brasil está posicionado para ser protagonista, mas não basta produzir mais. Sem tecnologia, você estará exportando commodities enquanto perde em valor agregado.

  • Sustentabilidade

Os mercados internacionais estão fechando as portas para quem não atende critérios ESG. Mais de 70% dos consumidores europeus já priorizam alimentos sustentáveis. A sua produção está preparada ou ainda segue as práticas “de sempre”?

  • Diversificação de mercados

Continuar dependente de players como a China é como construir uma casa em cima de um barril de pólvora. Vai esperar a explosão?

Estratégias que separarão os sobreviventes dos derrotados

  • Tecnologia ou morte

Adotar sistemas como o Viasoft Agrotitan já não é um diferencial, é uma obrigação. Controle preciso de custos e logística é o básico para quem quer ficar no jogo.

  • Gestão de riscos

Seguro agrícola e hedge de commodities não são “opcionais” quando o assunto é gestão agrícola. Eles são o colete salva-vidas quando o barco balança.

  • Logística inteligente

Se você ainda não considera modais alternativos, como ferrovias e portos estratégicos, está desperdiçando competitividade.

Leia mais: CRM no agronegócio: a chave para deixar de perder dinheiro e ganhar clientes

Desafie-se: Está preparado para liderar ou ser esmagado?

O mercado de commodities agrícolas é um campo de batalha, e só os mais rápidos e inteligentes vão prosperar. Margens apertadas, custos altos e exigências crescentes não deixam espaço para quem não está 100% preparado. E você, vai esperar o mercado te engolir ou vai liderar a transformação?

Se a resposta é “liderar”, o momento de agir é agora. O futuro do agronegócio pertence aos ousados, que enxergam além dos recordes e se preparam para os desafios que virão. O mercado está esperando que você tome uma decisão. Vai agir ou ser apenas mais um na estatística de quem não conseguiu acompanhar?

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