Prepare o churrasco, porque finalmente temos boas notícias para os produtores de suínos e aves: a previsão para 2025 é de estabilidade nos custos de ração. Mas, antes de abrir a cerveja para comemorar, é melhor entender o que isso realmente significa para sua operação. Afinal, no agronegócio, nada é tão simples quanto parece.
O que impulsionou a estabilidade no preço da ração?
Com o Brasil a caminho de uma safra recorde de soja, a expectativa é que o farelo de soja, componente essencial da ração, veja uma queda nos preços.
Isso pode compensar o aumento previsto no preço do milho, outro item-chave na nutrição animal. Ainda que ocorra uma oscilação para cima no valor, ela deve ser compensada pelas cotações mais baixas no farelo de soja.
Essa “balança de custos” é a promessa de um certo alívio para os produtores em 2025, especialmente aqueles que enfrentaram altas consecutivas nos últimos anos.
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Mas vamos com calma. Por mais animadora que seja essa previsão, é importante lembrar que o mercado agrícola é sensível a fatores imprevisíveis, como condições climáticas, flutuações cambiais e decisões políticas.
Um La Niña mais prolongado, por exemplo, ou uma guerra comercial, pode virar essa estabilidade de cabeça para baixo. O que impacta diretamente a comercialização e a produção de ração animal.
Impacto direto na produção de proteína animal
Se as projeções se confirmarem, o setor de proteína animal, que depende fortemente da produção de ração, será um dos principais beneficiados. Isso inclui:
- Avicultura: com margens apertadas e uma concorrência global feroz, a queda nos custos de ração pode dar o respiro necessário para investimentos em tecnologia e melhorias de processos.
- Suinocultura: depois de um período marcado por altos custos e preços voláteis no mercado de carne suína, a estabilidade permitirá que os produtores foquem na produtividade rural e qualidade.
Além disso, o consumidor final também poderá sentir os reflexos na forma de preços mais acessíveis nos supermercados – um argumento poderoso em tempos de inflação alta.
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Expectativas do mercado de nutrição animal
O mercado de nutrição animal no Brasil caminha para um 2025 promissor. Tudo impulsionado por inovações tecnológicas, práticas sustentáveis e integração entre lavoura, pecuária e floresta.
Com base nas tendências de crescimento projetadas, o otimismo do setor parece bem fundamentado. A avicultura, por exemplo, segue como carro-chefe.
É só observar os dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para descobrir que a produção de carne de frango cresceu 1,8% em 2024. Enquanto isso, as exportações devem saltar 1,9% no ano seguinte, conforme previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Apesar disso, a questão do custo da ração continua sendo um ponto de atenção para produtores e consumidores. Crescimento, sim. Estabilidade, talvez.
O médico veterinário Alexandre Camargo Costa destaca que a ampliação do mercado de nutrição animal será alicerçada por práticas sustentáveis e avanços tecnológicos. Porém, a pergunta que ecoa é: esses avanços serão suficientes para conter as flutuações nos custos de insumos essenciais como milho e soja?
Em 2024, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) estimou um aumento de 2% na produção de rações para aves, suínos e bovinos.
Esse crescimento, embora positivo, também pressiona a cadeia de suprimentos, especialmente em períodos de adversidades climáticas ou oscilações nos preços internacionais de grãos.
Aposta na sustentabilidade: o fator decisivo?
A integração entre lavoura, pecuária e floresta, aliada à promoção do bem-estar animal, é um trunfo brasileiro que pode mitigar custos e ampliar mercados. Mas a questão é se o setor conseguirá implementar essas práticas de forma uniforme.
Os avanços tecnológicos, como monitoramento em tempo real de rebanhos e rações ajustadas às necessidades nutricionais, são promissores, mas sua adoção em larga escala dependerá de investimentos significativos.
Todo esse cenário para 2025 traz perspectivas animadoras, mas também exige cautela. A estabilidade nos preços da ração é mais do que uma questão econômica; ela impacta diretamente a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional.
Então, a pergunta que fica é: o setor está preparado para enfrentar os desafios de um mercado global em transformação, ou o custo da ração continuará sendo um ponto vulnerável em meio ao crescimento?
Se o Brasil deseja manter sua liderança no setor de nutrição animal, 2025 precisará ser um ano não apenas de crescimento, mas de resiliência e inovação real. Afinal, estabilidade é algo que se conquista, e não apenas se espera.
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Mas será que estabilidade é sinônimo de tranquilidade?
Nem sempre. Enquanto um cenário de custos previsíveis ajuda no planejamento, ele também pode gerar uma falsa sensação de segurança. Lembre-se de que uma gestão eficiente vai muito além de apenas esperar pelo melhor.
- Diversificação da dieta animal
Reduzir a dependência do milho e da soja pode ser uma estratégia inteligente. Alternativas como sorgo, trigo e até resíduos agroindustriais devem ser considerados.
- Uso de tecnologia
Sistemas de monitoramento nutricional e softwares de gestão ajudam a otimizar a eficiência alimentar e reduzir desperdícios.
- Hedge agrícola
Proteger os custos de produção contra flutuações do mercado de nutrição animal é essencial. Contratos futuros podem ser seus melhores amigos.
Estratégia para um 2025 de sucesso
Com a promessa de estabilidade no horizonte, o momento é perfeito para ajustar suas estratégias e aproveitar que o mercado de nutrição animal estará aquecido.
Aqui vão algumas ações que podem transformar o cenário em oportunidades de crescimento:
- Invista em eficiência
Tecnologias de manejo e gestão podem fazer sua operação produzir mais com menos. É um investimento que faz toda a diferença para tomar decisões rápidas e informadas, aumentando a produtividade sem necessariamente ampliar os custos.
- Planeje com antecedência
Um cenário estável é uma oportunidade rara para alinhar contratos de fornecimento com prazos mais longos e condições vantajosas. Essa previsibilidade no custo permite negociar melhor com fornecedores e até aproveitar descontos para compras em maior volume.
- Estoque estratégico
Em vez de correr atrás do preço mais baixo, considere criar reservas nos momentos em que o mercado estiver mais favorável. Assim você se protege contra imprevistos como atrasos na entrega ou mudanças inesperadas.
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O que fica de lição sobre o mercado de nutrição animal?
A estabilidade nos custos da ração é um sopro de alívio, mas não um convite ao comodismo. Use esse momento para fortalecer sua operação e se preparar para os desafios que, inevitavelmente, o mercado de nutrição animal trará no futuro.
No agronegócio, quem planeja vence. Agora é a sua vez de transformar a estabilidade prevista em 2025 em um diferencial competitivo. Como você vai aproveitar essa oportunidade?